A Vila Romana ainda possui muitas casas e casarões antigos. Basta fazer um passeio pelas ruas da região para encontrar preciosidades bem interessantes, rendendo um bom passeio arquitetônico pelo bairro. De todas elas, poucas chamarão tanto a atenção como esta localizada na rua Tito:
Construída em 1952, este belo casarão fica bem no trecho da rua que é denominado como Praça Alfredo Weiszflog, nome que faz homenagem a um dos donos da Melhoramentos.
A casa, que por si só já é bastante interessante, nem precisaria de mais nada para encantar quem passa por este trecho da Vila Romana, mas em seus muros laterais há dois belos murais que dão um toque ainda mais especial a residência:
Estes murais são verdadeiras obras de arte e fazem parte de uma série que foram feitos em inúmeras residências, prédios e estabelecimentos comerciais na década de 50 pelo Atelier Artístico Moral. Seus trabalhos são primorosas pinturas em azulejos, muitas vezes com temática paulista, como aquele de um prédio da Avenida Paes de Barros que já publicamos aqui.
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Na assinatura, atenção ao telefone: 7-4477
A área onde estão os murais servem de banco de descanso, feitos com os famosos caquinhos quebrados que são tão populares pela cidade de São Paulo. Eles se estendem por todo o calçamento de entrada e jardim, com destaque na entrada de automóveis para as iniciais FFA.
Enfim, um exemplar incrível e único em toda Vila Romana e que é mantido absolutamente preservado pelos proprietários e também pelo salão que funciona no local, a Hair & Co. Quando estiver pela região, faça uma visita ao salão e privilegie quem cuida bem da memória de São Paulo.
O volume de material que produzimos ou que recebemos de nossos leitores é muito grande e há ocasiões em que infelizmente alguma foto ou histórico fica para trás. Recentemente ampliamos o trabalho de triagem e documentação para colocar os atrasados em ordem e encontrei fotos de um casarão que não existe mais.
Este casarão estava localizado no número 115 da rua Humberto I, na Vila Mariana, e foi demolido no final do ano de 2013. Uma das construções mais antigas de Vila Mariana, não teve sua idade e importância levada em consideração nem por quem a derrubou, muito menos pelos órgãos de defesa do patrimônio histórico.
Embora sua data de construção não seja conhecida, é bem possível que este imóvel seja oriundo do final do século 19 e tenha feito parte da extinta fábrica de fósforos que havia no bairro.
Observando o mapa abaixo, de 1905, é possível ver que a área do casarão está bem onde ficava a fábrica:
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Mapa parcial da Vila Maria em 1905
O traçado desta região mudou pouco e apenas alguns nomes de rua foram mudados. A rua Jabaquara no mapa de 1905 é a atual rua Remanso. Apesar disso é possível compreender bem a região da antiga fábrica e também do casarão.
Em uma pesquisa sobre a origem da casa não conseguimos ir mais para trás do que o ano de 1961, quando a encontramos em nome de uma pessoa chamada “Ramira, Maria Torres” ou “Maria Torres Ramira”. O papel muito velho e desgastado não deixa fácil distinguir se há ou não uma vírgula após o nome Ramira.
Por sua vez, a fábrica de fósforos de Vila Mariana era uma das mais importantes da nossa cidade, e, possivelmente, uma das maiores que o bairro já teve no século 19. A publicidade abaixo, veiculada no jornal Correio Paulistano em 1888 é dela:
Publicidade da fábrica de fósforos de Vila Mariana em 1888 (clique para ampliar)
Até meados de 1889 a fábrica pertenceu a seu fundador, Jorge Eisenbach e sócios, quando foi vendida para outro grupo brasileiro. Mesmo após a venda a empresa permaneceu por algumas décadas na Vila Mariana.
Não se sabe se o imóvel em questão nesta reportagem chegou a pertencer a Jorge Eisenbach no passado, mas é bem possível. A foto a seguir, tirada do alto de um edifício dá uma dimensão maior do casarão e de seus antigos limites ao fundo do terreno, hoje já ocupados por prédios.
Há também uma outra possível origem para o imóvel, embora menor, de que seja uma das casas colocadas à venda entre 1887 e 1890, ao redor da fábrica de fósforos. O anúncio abaixo também deixa esta possibilidade aberta:
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A carência de dados e documentos acerca da fábrica de fósforos de Vila Mariana e também deste casarão da Rua Humberto I, só escancaram a pobreza de documentação histórica e memória preservacionista da maior cidade brasileira.
Foi necessário despender um dia inteiro de pesquisas em jornais paulistanos do século 19 para encontrar as informações que o São Paulo Antiga apresenta aqui, e mesmo assim não é possível afirmar em 100% a origem da casa.
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Venda da fábrica de fósforos de Vila Mariana em 1889
Construtoras e incorporadoras se valem justamente deste vazio histórico para colocar imóveis antigos abaixo. Ou alguém realmente crê que governo sai atrás de pesquisa histórica às pressas para salvar este ou aquele imóvel.
É assim, silenciosamente, que desaparece a história dos bairros paulistanos. Da mesma maneira que não temos uma única foto da extinta fábrica de fósforos do bairro, as poucas imagens do casarão que temos são as que mostramos aqui.
Quem tiver algum material ou informação sobre esta casa ou mesmo sobre a fábrica de fósforos entre em contato conosco para aumentarmos os dados coletados em benefício da memória de Vila Mariana.
Por fim, perdi o nome da pessoa que cedeu as duas fotos do casarão tiradas do alto de edifício. Por gentileza se ver o artigo identifique-se novamente para eu colocar os créditos.
O bairro de Campos Elíseos conserva, boa parte preservada, alguns de seus mais importantes casarões e que no passado pertenceram, em sua maioria, aos famosos Barões do Café. Estes foram vultos paulistas de grande importância para o desenvolvimento da economia brasileira e principalmente para a riqueza paulista.
Família Alves de Lima diante do casarão da Fazenda Chapadão em 1918 (clique para ampliar)
A foto acima, mostra uma das importantes famílias cafeicultoras paulistas. Trata-se da Família Alves de Lima, diante da Fazenda Chapadão em Campinas. A Família Alves de Lima foi proprietária da fazenda até 1942, quando a mesma foi vendida ao exército.
Construída nos primeiros anos do século 20, este casarão localizado no número 1149 da rua Guianases é um dos remanescentes do período áureo do café. Foi erguida pelo cafeicultor e empresário Octaviano Alves de Lima para acomodar a família na capital paulista.
Construída em um estilo diferente das demais da região, com arquitetura neoclássica, o imóvel é um dos mais importantes do bairro e está em processo de tombamento.
Vista a partir da Alameda Nothmann (clique na foto para ampliar)
A residência possui dois pavimentos, mais porão habitável e uma edícula aos fundos. Sua entrada principal (foto abaixo) é feita com degraus de mármore. O casarão tem muros apenas em parte das laterais, sendo que no restante há um belo gradil e portão de ferro.
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Sua conservação é apenas razoável e o imóvel não é abandonado, sendo que o mesmo é habitado aparentemente por caseiros. Chama a atenção o fato de as janelas dos andares superiores estarem sempre abertas, o que pode ocasionar rápida deterioração do interior do casarão. Seu jardim é repleto de árvores e plantas, fato que deixa-o um pouco escondido.
Esperamos que o tombamento definitivo venha em um futuro próximo e que o casarão fosse preservado para a posteridade.
Não sabemos se ainda pertence a família, mas ainda esteja na mãos dos familiares daria um belo museu ou memorial contando a história de Octaviano Alves de Lima, da família, da fazenda e do café. História para contar é o que não falta!
Alves de Lima foi uma das grandes e notórias personalidades paulistas. Foi diretor presidente da Café Paulista S/A, diretor do Banco Noroeste e presidente da Cooperativa Central dos Cafeicultores, entre muitas outras atribuições.
Entre suas aquisições mais notáveis, está a do jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo) cuja compra foi feita em 1931, quando o periódico paulistano ainda era bem novo. A aquisição do jornal foi fundamental para a sobrevivência da Folha, que havia sido duramente atacada em sua sede no final de 1930. Foi proprietário do jornal até 1945.
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Primeira edição da Folha nas mãos de Octaviano Alves de Lima em 21/01/1931
Após o falecimento de Octaviano Alves de Lima, um de seus filhos, Octaviano Alves de Lima Filho, assumiu junto com irmãos o controle da fazenda e o casarão de Campos Elíseos foi sua residência.
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Otaviano Alves de Lima Filho
Octaviano Alves de Lima Filho residiu por décadas no imóvel. O telefone da residência, ao menos entre as décadas de 50 e 60, estava em seu nome e tinha o número 51-4092. Médico de grande renome e autor de vários livros em sua área de atuação, veio a falecer em 2008, aos 92 anos de idade.
Dando prosseguimento a catalogação do patrimônio histórico do bairro de Campos Elíseos, no centro de São Paulo, vamos hoje abordar um dos imóveis que por décadas esteve em situação de decadência e hoje encontra-se totalmente preservado, no número 1239 da rua Guaianases.
Projetado em 1914 e inaugurado pouco depois, o casarão foi construído para ser a residência do Coronel Juliano Martins de Almeida. Instalada em um área nobre de São Paulo, tinha como vizinhos próximos os cafeicultores Octaviano Alves de Lima e Elias Chaves, além do senador estadual Dino Bueno.
Em uma área de 1.173,00 m², sendo 797,74 m² de área construída, o casarão foi construído como um chalé urbano, em estilo eclético, e com o emprego de técnicas construtivas e elementos arquitetônicos e decorativos que, à época, havia menos de vinte anos que se tinha iniciado os seus usos na cidade e no país(*1).
Além de militar, o Coronel Juliano Martins de Almeida era um renomado criador de cavalos, muitos deles sempre participando de corridas no Jockey Clube. Alguns eram vendidos em seu haras para outros aficcionados pro grandes somas de dinheiro.
Com a decadência que chegou ao bairro, a casa foi vendida para outros proprietários sucessivamente, o que acelerou o processo de deterioração do imóvel. Nos anos 70 a 90 a casa estava bem degradada e funcionava como um cortiço.
clique na foto para ampliar (Crédito: Olympio Augusto Ribeiro)
Mesmo recebendo o tombamento, o imóvel continuou em péssimo estado de conservação e teve seu interior quase que completamente destruído pelos habitantes do período que funcionou como cortiço. Em meados dos anos 2000, a empresa Porto Seguro adquiriu o imóvel, que fica diante de um de seus edifícios, e iniciou o processo de recuperação.
A restauração, executada entre os anos de 2006 e 2007, foi realizada pela empresa de Olympio Augusto Ribeiro, a mesma que atualmente restaura o casarão vizinho, também agora propriedade da Porto Seguro. O projeto civil foi feito em conjunto com o arquiteto Renato Siqueira e a obra em parceria com RC Empreendimentos.
Uma vez restaurado, o imóvel passou a servir como uma biblioteca para corretores da Porto Seguro. A revitalização do imóvel seguiu a inspiração do Palacete de Dino Bueno e serviu de impulso para novas aquisições e restauros pela empresa nesta região.
Seria muito interessante se mais empresas tivessem este caráter empreendedor aliado ao espírito de preservação de nosso patrimônio histórico, não é mesmo ?
O bairro de Santo Amaro sempre é revelador de imóveis interessantes. Consideravelmente distante do centro capital, a região já foi um município independente, incorporado à capital durante a década de 30.
Muitas construções antigas, do início do século 20, sobrevivem por ali. Não foi o caso deste casarão curioso demolido em meados de 2014:
Localizado no número 697 da rua Conde de Itu, com extensão também pela rua Ministro Roberto Cardoso Alves, este imóvel era um dos mais interessantes da região.
Aos que passavam por ela, o que mais chamava a atenção era o formato de chalé quase piramidal da construção, bem atípico do que costumamos ver pela nossa cidade. Aliás, este formato curioso também era notado em alguns detalhes do casarão, como em uma pequena janela que parece ser do sótão.
Outra parte curiosa da construção é o fato de ela ser construída dando para a rua. Geralmente, construções deste porte que ficam com suas janelas junto a calçada estão assim porque perderam terreno na abertura de alguma rua.
Entretanto, não acredito ser o caso aqui uma vez que a rua Conde de Itu é das mais antigas de Santo Amaro. Exceto se estivermos diante de uma construção realmente muito antiga, da virada do século 19 para o 20 e anterior a rua em questão. Infelizmente não encontramos ainda dados para confirmar esta teoria.
Sobre os proprietários também as informações são um mistério. Encontramos dados desencontrados sobre quem morou nesta casa nos longos anos de sua existência.
No início da década de 60 o imóvel possuía um telefone em nome de Martins Y. Vieira (número 61-2411) e nos anos 70 ao menos por um período foi habitada por um cidadão dos Estados Unidos de nome Frank Alvin Ryan.
Ryan neste período foi diretor técnico da Poliquima, importante indústria química estabelecida na região, e que na década de 80 foi comprada pela então Akzo (hoje Akzo Nobel).
Lateral da casa na rua Ministro Roberto Cardoso Alves (clique para ampliar)
Voltando ao imóvel, tratava-se de uma construção em terreno bastante amplo, com o casarão em uma das extremidades e um imóvel menor ao centro, no que parece ser uma residência de caseiros ou até mesmo uma garagem (canto direito da foto acima). Pela extensão do muro é possível observar que fizeram um outro anexo, que é bem mais recente do que o imóvel principal.
Nos últimos anos de existência deste casarão, era possível notar que ao menos na fachada ele estava em péssimo estado de conservação. A pintura já estava bastante deteriorada, haviam rebocos sem pintura e também muitas janelas pareciam estar com a madeira apodrecida. Mesmo assim era um casarão recuperável e digno de uma preservação. Entretanto, ele não sobreviveu e veio abaixo.
Apesar de demolido o imóvel era bem interessante e ainda desperta a curiosidade de muitas pessoas, que perguntam sobre ele aqui no São Paulo Antiga. Tudo o que sabíamos sobre ele foi publicado, então deixamos o apelo a quem tiver mais informações sobre o casarão, que entre em contato conosco ou deixe um comentário.
Todos os dias são demolidas casas antigas em São Paulo por um sem número de razões. Novos empreendimentos e estacionamentos são as causas mais corriqueiras.
Quando isso ocorre, é evidente que existem casos em que os imóveis demolidos não tinham histórico ou arquitetura relevante. Porém, muitas vezes são destruídas construções interessantíssimas, como esta da foto a seguir:
Demolida no início de 2014, esta residência da Vila Marieta ficava localizada no número 117 da rua das Províncias, uma via bem conhecida da região pois liga a avenida São Miguel até a Subprefeitura da Penha.
O imóvel em questão era um belo casarão, construído entre as décadas de 40 e 50, que destacava-se como um dos mais belos imóveis do bairro. Tinha uma arquitetura que não é padrão da região, onde as casas em geral nesta época eram bem mais simples.
Até ser demolida, mantinha suas características originais preservadas, com portões e muro baixos, além de um jardim na entrada da residência. Pela lateral esquerda se acessava os fundos do imóvel e a garagem de veículos.
No local do belo casarão foi construído um pequeno condomínio de sobradinhos – uma espécie de nova praga do mercado imobiliário – onde se constroem casas cada vez menores e simples, fora o gosto arquitetônico extremamente duvidoso (minha opinião, evidentemente).
Os sobrados que foram construídos no local estão à venda em um site de imóveis pelo valor de R$420.000,00 cada. Outra coisa curiosa é a velha tática de construtoras de mudar o nome do bairro para aumentar o preço do imóvel. Ao invés de usar o nome de Vila Marieta, que é o correto, os anúncios dizem Vila Matilde.
Este tipo de manobra para vender imóveis deveria ser proibida pelas autoridades. Está certo que a Vila Matilde está ali perto, mas ali não é. Entre as duas vilas existe outra entre elas, a Vila Esperança.
É uma pena observar imóveis tão belos desaparecerem para dar lugar a novos empreendimentos como estes. Se ao menos tivéssemos mais criatividade arquitetônica em novos empreendimentos, talvez valesse a pena. Infelizmente não é o caso.
No número 1308 da avenida Brigadeiro Luís Antônio, na Bela Vista, há um casarão que esteve abandonado por mais de uma década e que cuja aparência dava sinais de que em breve ele deixaria de existir, seja por demolição ou mesmo desabando.
Em 2009, quando o fotografei pela primeira vez, ele se encontrava nesta situação:
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Foi um dos primeiros imóveis que publiquei aqui no site, e realmente por mais que tinha um desejo muito grande de vê-lo em seu esplendor original mais uma vez, confesso que não tinha lá muito esperança. Até que em 2012, uma primeira demão de tinta me trouxe um certo alento:
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Será que o velho sobrado, dos primeiros anos do século 20, finalmente teria um destino bem melhor do que aquele que parecia estar a ele destinado ?
A lenta restauração – compreensível pelo custo e detalhes do imóvel – ainda me deixava com muitas dúvidas acerca de sua conclusão. Porém, ao retornar ao local este ano fui tomado por uma grata surpresa e um excelente presente para o bairro da Bela Vista e São Paulo. O imóvel foi completamente restaurado:
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O minucioso trabalho de restauração trouxe de volta um sobrado que parecia irrecuperável. Desde a recuperação dos detalhes do frontão até a recuperação total da fachada, tudo foi feito com detalhes e muito talento.
Até mesmo a sacada e seu gradil, que não existiam mais, foram recuperados, muito provavelmente através de fotografias antigas ou de exemplos de construções similares. No caso da sacada a veneziana nem mais existia, tendo a muito tempo sido substituída por um vitrô comum. Veja como ficou bonito:
Observando a foto atual, pode até parecer que foi um trabalho fácil e rápido. Mas esta impressão se desfaz muito rapidamente ao observar estas duas imagens abaixo, do frontão da casa. Foi impressionante a recuperação.
Residência na década de 60 de uma mulher chamada Ana Marques Simões, o imóvel foi restaurado para abrigar a Logos Imobiliária que fez do casarão a sua sede.
Espero que este seja o início de uma nova era para a nossa Brigadeiro Luis Antônio. E deixo aqui meus parabéns para seus proprietários, que fizeram um excelente trabalho de restauração neste imóvel.
Quando falamos o nome “José Paulino” a primeira coisa que surge na mente é a famosa rua do bairro do Bom Retiro, repleta de lojas de vestuário, especialmente feminino.
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José Paulino
Entretanto, este nome também pode ser associado a própria figura de José Paulino Nogueira, membro de uma família rica de Campinas, político que foi atou na administração campineira, trazendo vários melhoramentos para a cidade, e trabalhando para a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.
Além disso, José Paulino foi bastante atuante no início da última década do século 19 no combate ao grave surto de febre que atingiu a cidade de Campinas e arredores, sendo ator principal nas obras de saneamento que trouxeram melhores condições de vida e asseio aos moradores da região.
Foi também responsável pela fundação de uma da primeiras indústrias daquela cidade, a Usina Ester, cujo nome era uma homenagem a sua filha mais velha.
Mesmo sendo figura importante da vida cotidiana e política campineira, José Paulino mudou-se no final do século 19 para a capital paulista, onde residiu até falecer em 1915.
O casarão em meados dos anos 60 (clique para ampliar)
Construída em 1893 e projetada por nada menos que Ramos de Azevedo, o casarão da foto acima foi construído para servir de residência em São Paulo para José Paulino.
Suntuosa, era considerada naquele tempo como uma das mais ricas mansões paulistanas. Sua localização não poderia ser melhor, bem no chamado centro novo da cidade, no extinto bairro do Chá, na rua Conselheiro Crispiniano, entre a rua Barão de Itapetininga e a avenida São João.
O mapa abaixo, do Sara Brasil, mostra o local da mansão (onde está escrito 2º batalhão do Regimento Militar):
O imóvel ficaria grande demais os filhos de José Paulino em 1915, quando este veio a falecer. A família mudou-se dali e o casarão ficou vago.
Em 1918, seus herdeiros tomam a decisão de vender o casarão para o governo brasileiro, pela quantia de 270 contos de réis. A partir de então, o imóvel passou a abrigar o Quartel General da 2ª Região Militar, que permaneceria no local até poucos anos antes do casarão vir abaixo.
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Apesar da manchete dizer início do século (20) o casarão é do século 19
Uma vez na mão dos militares, a mansão sofreu algumas modificações para deixar de ser uma típica residência da elite e dar lugar a um imóvel funcional.
Antes disso, durante o período em que serviu de residência a José Paulino e seus familiares, a casa era conhecida pelo seu luxo incomparável. Pelo casarão haviam escadarias e piso feito de mármore de Carrara, lustres importados de Paris, tapetes da pérsia e portas e madeiramento feitos em jacarandá.
Na parte superior do imóvel, os quartos eram cercados de corredores e varandas. No andar de baixo ficavam três grandes salas de visita, o salão nobre, a sala de jantar e o escritório de José Paulino. No fundo do terreno estava a cocheira onde ficavam os cavalos, posteriormente transformada em uma garagem para automóveis.
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O casarão quando era o QG do Exército
Nos 50 anos em que o imóvel foi utilizado pelo exército o local teve poucas reformas e nenhuma restauração, transformando-se em um prédio cada vez mais deteriorado. Em 1968, quando o casarão foi colocado à venda pelo exército, pela quantia de 1 milhão e 100 mil cruzeiros, o imóvel estava quase que completamente arruinado, especialmente por dentro.
Adquirido pela prefeitura de São Paulo, o imóvel foi abaixo em 1977 para dar lugar a um projeto idealizado pela Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), que previa uma nova praça ocupando 90 quadrados da parte frontal do terreno, e o restante sendo anexado com a desapropriação do então Cine Cairo, somando um total de 315 metros quadrados.
A praça, de fato, foi inaugurada e chamada de Recanto Monteiro Lobato e focado nas crianças que viviam no centro. Já a ligação com o Vale do Anhangabau – através da demolição do Cine Cairo – jamais aconteceu.
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Projeto do Recanto Monteiro Lobato, apresentado pela prefeitura em 1977
Pode-se até dizer que o projeto do então prefeito Olavo Setúbal (1975 a 1979) foi o embrião da Praça das Artes, inaugurada muito tempo depois já no século 21.
O casarão de José Paulino foi demolido pois na época não havia muita preocupação pelo tombamento e acabou por se tornar uma das grandes obras de Ramos de Azevedo que desapareceram para sempre.
No próximo artigo falaremos, com detalhes, do Recanto Monteiro Lobato, fique de olho.
E a busca desenfreada pelos poucos terrenos disponíveis em endereços mais valorizados de São Paulo segue a todo vapor. Desta vez a vítima foi este simpático casarão:
Localizado no número 2896 da avenida Brigadeiro Luís Antônio, já na região do Jardim Paulista, este casarão da primeira metade do século 20 esteve ocupado até alguns meses atrás. Sua última destinação foi abrigar uma franquia de famosa rede de restaurantes de comida chinesa.
Após a empresa desocupar o imóvel, ele imediatamente recebeu uma placa de locação que permaneceu na sacada por alguns meses. Mais recentemente a faixa foi retirada e o imóvel começou a ser demolido.
É mais uma perda irreparável para esta importante avenida paulistana, que não muito tempo atrás perdeu outro casarão muito próximo a este no número 2575, e também alguns outros imóveis mais abaixo,, na esquina com a rua Caconde.
É perceptível que a crise financeira que assola o país deu uma freada nas demolições pela cidade, mas ainda vemos preciosidades como esta irem ao chão, aqui e acolá.
Recentemente abordei no artigo do imóvel da avenida Rebouças 2600, a crise que assola o mercado imobiliário nesta importante via paulistana, muito em razão aos altos preços de locação e venda, aliados à crise financeira.
Apesar disso na mesma Rebouças podemos encontrar alguns belos imóveis que fazem exceção à regra, estando estes bem preservados e funcionais, como este no número 2109:
Localizada não muito distante do outro casarão que mencionamos no início do texto, este aqui é um belo exemplo de adequação e preservação, mudando a essência residencial do imóvel para comercial com poucas descaracterizações.
Na parte externa deste casarão são três as únicas mudanças visíveis. A alteração de parte da antiga sala de estar para acomodar uma vitrine, a remoção dos muros originais e a mudança do jardim que deu lugar a uma calçada com vagas de estacionamento.
Construída possivelmente na década de 1940, este imóvel pertenceu (ou ainda pertence) a uma pessoa de nome A. Aleotti. Como não foi possível descobrir o primeiro nome, não consegui mais detalhes.
Depois de décadas servido como residência, a casa foi desocupada e reorganizada para servir de imóvel residencial. Desde 2005 o local é uma loja da rede Center – Noivas & Debutantes, que mantém o casarão sempre preservado e impecável.
Apesar de não se tratar de uma construções de arquitetura marcante, a entrada do imóvel é um dos mais bonitos que já vi, com a entrada da varanda com muitos detalhes, com uma coluna ao centro. Outro detalhe marcante é a porta de entrada.
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A bela entrada do casarão
Se a transformação da Rebouças de uma avenida como tantas outras em um corredor congestionado praticamente matou a função residencial da maioria dos casarões que nela estão situados, é importante que os imóveis sobreviventes permaneçam preservados sendo utilizados para fins comerciais.
As cidades mais próximas da capital também possuem construções antigas bastante interessantes. Em recente visita ao município de Nazaré Paulista, nos deparamos com um belo exemplar antigo que necessita de melhores cuidados:
Localizado no número 150 da estreita Travessa Francisco Mathias, este imóvel de 1917 é uma das mais interessantes construções da área central da cidade.
A entrada é compartilhada por ambos os lados (clique na foto para ampliar).
Apesar da beleza e robustez da construção, segundo moradores vizinhos o imóvel está em situação de abandono há mais de uma década e já enfrenta sinais fortes de deterioração.
As janelas foram tampadas com tapumes tanto para evitar a entrada de pessoas não autorizadas, como para evitar o descarte de lixo. A vegetação cresce na área comum e já chega ao portão, também já escapando por algumas das janelas mais próximas da entrada (foto anterior).
Apesar disso, a situação da fachada ainda é bastante satisfatória, com uma pintura não muito recente mas ainda preservada e com os detalhes do frontão preservados intactos.
A foto abaixo tirada do outro lado da rua dá uma visão geral externa:
O tipo do terreno alto e acidentado da área central de Nazaré Paulista é desfavorável a demolição para erguer um edifício, por exemplo. Isso é um fato que pode ser essencial para a preservação deste imóvel. Apesar de fechado e com a aparente situação de abandono, é bem fácil de ser recuperado, mantendo a fachada preservada e partindo para uma reforma mais moderna em sua porção interior.
Quem sabe em alguns anos não encontramos este casarão recuperado e funcional novamente ? Não é um processo complicado.
Quando falamos sobre as edificações do centro de São Paulo, sabemos que prevalecem os grandes edifícios. Entretanto, imóveis residenciais antigos ainda são encontrados coexistindo com os arranha-céus de outrora ou da atualidade. São casos conhecidos como o Solar da Marquesa de Santos ou Castelinho da rua Apa ou então construções menos famosas, como esta da rua Álvaro de Carvalho.
Construído em 1928, o casarão foi por décadas a residência da família Remo Capobianco, que morava no andar superior. No piso térreo e porão funcionava a empresa da família, a Oficina de escultura e Fabrica de Ladrilhos R. Capobianco & Cia.
Restaurado pela iniciativa privada em 2005, o casarão, que possui estilo florentino, teve sua estrutura interna adapta para ser um instalação de cultura. No local foi estabelecido no mesmo ano o Instituto Cultural Capobianco, que possui duas salas de teatro com uma terceira ainda sem previsão de inauguração.
Veja mais fotos do local: Image may be NSFW. Clik here to view.
Enquanto a capital paulista vai devorando seus imóveis centenários com a corrida desenfreada por novas áreas construtivas para atender a demanda imobiliária, o interior de São Paulo ainda tem muito para mostrar.
No aprazível município de Descalvado, que o São Paulo Antiga já teve o prazer de visitar, encontramos este belo casarão:
Construído nos primeiros anos do século 20, este casarão é um dos mais representativos e bem preservados da região central da cidade. Fica bem próximo de um outro casarão que havia nesta mesma avenida – o primeiro a ser catalogado pela nossa equipe em Descalvado – e que foi demolido em 2013.
Ao contrário daquele, este segue em todo seu esplendor, com suas janelas grandes que permitem ao sol invadir a residência logo ao amanhecer. Sua porta original está preservada, bem como todos os demais detalhes da fachada, frontão e respiros do porão.
Cidades como Descalvado e tantas outras do interior paulista, preservam seus imóveis antigos com muita dedicação. Isso é muito importante não apenas para a memória arquitetônica destes municípios, como também para a difusão do turismo.
Outrora o bairro de morada da elite paulistana, Campos Elíseos hoje se reergue dos anos de esquecimento como um bairro misto, com escritórios e residências, mas sem perder o charme presente em grande parte de seus imóveis.
Um dos mais belos e preservados é a antiga residência de Dino Bueno.
Localizado no número 1282 da rua Guaianases, o palacete foi residência de Dino Bueno, barão do café(¹), promotor público, senador estadual pelo extinto PRP e governador interino de São Paulo em 1927, após o falecimento do titular Carlos de Campos.
Natural de Pindamonhangaba, Dino Bueno chegou a São Paulo na década de 1870, época em que veio estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Nesta tempo sua carreira deslanchou como lente e político e foi ai que procurou-se estabelecer-se na capital em definitivo.
A história do casarão que serviu-lhe de residência começa na última década do século 19, quando o bairro recém criado passou a receber as construções de inúmeros palacetes e casarões que ocuparam a região.
Construída em 1895, a residência de Dino Bueno foi e ainda é uma das mais importantes da região. No período em pertenceu ao político, era frequentemente visitada pelas autoridades paulistas.
O imóvel manteve-se como residência da família Bueno até meados da década de 30, sendo que Dino faleceu em 1931.
Nos menos anos 1930 o palacete passou a ser alugado, tendo usos distintos até o início da década seguinte, quando passou a servir como uma pensão católica, chamada Pensionato Auxilium.
Foi abrigando esta instituição que o imóvel passaria pelas décadas seguintes, até o início dos anos 1970.
Após a saída do Pensionato Auxilium o palacete que já se encontrava ˝cansado˝ dos anos e anos de uso começou a enfrentar um processo de deterioração.
É neste época – década de 1970 – que o bairro vive uma realidade completamente diferente do seu tempo glorioso do século 19 e início do século 20. Muitos de seus casarões estão bastante deteriorados, alguns demolidos e outros transformaram-se em cortiços. Muito da decadência do bairro se deve ao Terminal Rodoviário da Luz erguido nos anos 1960 e também a mudança da sede do governo paulista de Campos Elíseos para o Morumbi.
O futuro do imóvel começará a mudar em 1975, quando a empresa Porto Seguro chega ao bairro, inaugurando sua nova sede na avenida Rio Branco. É neste mesmo ano que a companhia adquire o casarão.
O restauro, entretanto, só chegaria na década seguinte, após o tombamento do bairro ser realizado e o projeto da Porto Seguro ser aprovado pelo Condephaat, no ano de 1988.
Três anos depois, em 1991, é iniciado o longo e delicado processo de restauração do imóvel, tocado pelas empresas Israel Sancovski Arquitetos Associados SCL e a construtora Hochtief do Brasil S/A.
Em 1993, o casarão era entregue de volta para São Paulo completamente restaurado, sendo o primeiro imóvel de grande relevância histórica da região a receber este tipo de atenção.
O restauro foi feito de uma maneira que o casarão fosse completamente integrado com o prédio da Porto Seguro da avenida Rio Branco. Desta maneira garantia-se que o imóvel seria sempre mantido na ativa. Do casarão é possível acessar o edifício e vice-versa.
Desde então até os dias de hoje, a antiga residência de Dino Bueno, oficialmente rebatizada de Casarão Porto Seguro, é utilizada como espaço de reuniões e eventos da empresa.
Além da casa principal, o anexo que era a habitação dos funcionários de Dino Bueno (foto anterior) também foi restaurado.
DETALHES DA RESIDÊNCIA:
De arquiteto desconhecido, o palacete foi projetado em estilo eclético e composto de duas edificações (casa principal e anexo), além de uma terceira edificação que teria sido uma garagem, demolida no decorrer do século 20.
Na casa principal são dois andares, além de um porão habitável. Na entrada da residência e em todas as sacadas o piso consiste em azulejos hidráulicos de diferentes traços.
A porta principal é adornada com o brasão da família de Dino Bueno jateado no vidro. São dois brasões idênticos sendo um com a face para quem entra na residência e outro com a face para quem sai.
No interior da casa o piso original de madeira foi restaurado e mantido, sendo que apenas as escadas que levam aos aposentos superiores e ao porão foram substituídas por similares, uma vez que as originais se encontravam irrecuperáveis.
Em todos os cômodos do piso térreo e também no corredor do andar superior, pinturas decoram as paredes (foto anterior). Todas foram restauradas de acordo com as originais, sendo que em alguns cantos as pinturas antigas foram mantidas para observação.
Nos objetos da casa, vários que eram pertencentes a Dino Bueno foram não apenas restaurados como mantidos em uso até os dias de hoje. Entre eles, podemos destacar a mesa do salão principal e os tapetes persas, que também foram minuciosamente restaurados.
A experiência bem sucedida no restauro e reutilização do imóvel por parte da Porto Seguro, serviu como base não apenas para recuperação de Campos Elíseos, que ainda segue em curso, como para novas empreitadas de restauração da própria companhia pelo bairro, que já adquiriu outros imóveis históricos na região.
Um bairro que ainda não tinha aparecido com imóveis antigos aqui no São Paulo Antiga é o Brooklin Paulista. Uma das mais interessantes regiões da zona sul paulistana, fica entre o Campo Belo e a Cidade Monções, este último, por sinal, leva o nome da construtora que loteou o bairro, a Monções, do renomado Artacho Jurado.
Construída entre os anos 1930 e 1940, este belo casarão está localizado no início da Avenida Portugal. Seu estilo chalé dá o toque europeu predominante nas construções de alto padrão de Santo Amaro e Campo Belo na primeira metade do século 20, quando muitos dos moradores na região eram de origem alemã.
Por esses bairros acima citados ainda é possível encontrar mais imóveis neste inconfundível estilo arquitetônico europeu.
O que nos chama a atenção para este casarão especificamente, além de sua arquitetura, é o impecável estado de preservação em que ele se encontra. O zelo pelo imóvel pode ser visto nas paredes externas sempre pintadas, nos detalhes em tijolos da fachada, no jardim impecável e em seu “gradil” de madeira, que dá um toque ainda mais elegante a construção.
Um dos mais importantes imóveis residenciais antigos que sobrevive no centro de São Paulo, é também um grande exemplar de descaso com o patrimônio histórico paulistano.
Tendo suas obras iniciadas em 1878 e sendo concluído em 1884, o sobrado do Coronel Carlos Teixeira de Carvalho é um dos principais exemplares de residências de alto padrão que ocupavam a capital paulista nos derradeiros anos do Brasil imperial.
Image may be NSFW. Clik here to view.Filho de imigrantes portugueses, o Coronel Carvalho foi além de próspero comerciante e político** uma pessoa muito influente em São Paulo em seu tempo.
Ao falecer, em 1930, deixou seus bens para sua única filha e herdeira, Marieta Teixeira de Carvalho.
Dona Marieta, como era mais conhecida junto à sociedade paulistana, residiu no imóvel durante toda sua vida. Ao falecer, em 1975, aos 92 anos, deixou o sobrado para a Ordem Beneditina, pois faleceu ainda solteira e não tinha herdeiros. No passado ela já tinha vendido parte do quintal ao Mosteiro de São Bento.
Tombado como patrimônio histórico pelo CONDEPHAAT desde 1981, este sobrado, além de belo, é muito representativo para a história da cidade, já que trouxe uma evolução na técnica construtiva de imóveis, sendo um dos primeiros a ser erguido com tijolos em São Paulo.
No final do século 19, a construção chamava atenção pela beleza de suas linhas e pela robustez da edificação. Atualmente, trata-se da última casa em taipa francesa que ainda existe na capital paulista.
Image may be NSFW. Clik here to view.Em 1887, uma pacata rua Florêncio de Abreu. Note o casarão à direita.
O tombamento, entretanto, num primeiro momento não ajudou o sobrado a escapar de um lento e contínuo processo de degradação.
Sem muito recursos para a tão esperada restauração e com projetos que surgiam e não eram levados adiante, o imóvel seguiu fechado por mais de duas décadas até 2005. Foi neste ano, através de uma lei de incentivo, que o casarão começou finalmente a ser restaurado com o patrocínio da Petrobras.
Image may be NSFW. Clik here to view.Em 1954, a rua Florêncio de Abreu já estava completamente diferente.
A obra de restauro foi assinada por Affonso Risi Júnior e previa ser concluída em 2007, transformado o antigo casarão em um centro cultural ligado ao Mosteiro de São Bento. O espaço seria concebido para abrigar concertos, recitais e exposições.
Para reformar o porão, de modo que o local pudesse receber exposições, foi necessário fazer escavações para que a circulação fosse agradável, uma vez que o referido ambiente tinha cerca de um metro e meio de altura. O restauro do interior do casarão foi possível através do uso de fotografias, que permitiu aos restauradores uma visão do imóvel enquanto era ocupado pelos seus primeiros donos.
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Entretanto, a obra ainda não foi concluída. Segundo foi possível apurar, o imóvel está parcialmente restaurado e sua conclusão não foi possível decido aos custos de recuperação, que acabaram sendo maiores do que a verba disponível.
O segundo piso ainda precisa ser recuperado e o exterior precisa de pintura e acabamento. Abaixo, uma galeria com fotos internas do sobrado, datadas de 2011:
A dificuldade do Mosteiro de São Bento em angariar recursos para finalizar a obra é compreensível. Entretanto é preciso apurar os motivos da verba liberada não ter sido suficiente para a conclusão do projeto.
A devolução do sobrado de Carlos Teixeira de Carvalho à sociedade paulistana, é o mínimo que podemos aceitar. Não podemos permitir que todo o dinheiro gasto até o momento seja em vão, deixando o casarão se deteriorar por completo novamente.
Image may be NSFW. Clik here to view.Na foto, um dos dormitórios originais do imóvel, entre o final do século 19 e início do século 20.
** Carlos Teixeira de Carvalho foi Senador do Congresso Legislativo do Estado de São Paulo por duas legislaturas (1891 e 1892 a 1894), sempre pelo PRP (Partido Republicano Paulista), tendo sido eleito na primeira vez com 25.508 votos e na segunda eleição com 12.353 votos.
Veja mais fotos do Casarão de Marieta Teixeira de Carvalho (clique para ampliar):
Bairro escolhido pelos Barões do Café para se estabelecerem na cidade de São Paulo, o bairro de Campos Elíseos fora no passado uma região onde se concentrava a parte mais rica da sociedade paulista.
Estes empresários da São Paulo antiga trouxeram a então pequena capital paulista, um padrão arquitetônico europeu comparado com as regiões mais ricas da França. Até o nome do bairro é inspirado em uma prestigiada avenida francesa, a Champs-Élysées.
Com o tempo os ricaços paulistanos começaram a migrar para outras áreas da cidade e o bairro começou a sofrer uma deterioração. À medida que a cidade ia se expandindo, o bairro ia ficando cada vez mais parado no tempo, com suas mansões anteriormente habitadas e ricas tornando-se vazias e degradadas ou virando cortiços.
Pouco tempo depois, tivemos a chegada da antiga rodoviária, hoje já demolida,que foi uma espécie de pá de cal para a vida de alto padrão do bairro.
Mesmo assim, muitos dos antigos casarões e palacetes dos ricos que ali viveram ainda estão por lá, como o Palacete do Barão do Rio Pardo, a casa do aviador Santos Dumont, o Palacete de Dino Bueno entre outros.
E um destes outros é este belíssimo casarão que quase não é notado devido seu alto muro no número 485 da Alameda Nothmann, quase na esquina da Avenida Rio Branco.
Apesar de pesquisarmos, não conseguimos descobrir muita coisa sobre a história do imóvel, exceto pelo fato de no passado ter pertencido (ou ter sido alugado) à família Amendola.
Há cerca de dois anos o imóvel foi alugado e posteriormente totalmente recuperado para abrigar a nova sede do CAMI, Centro de Apoio e Pastoral do Migrante. Todas as fotografias que estão neste artigo são após a restauração.
O nosso colaborador Marcos Stephanno esteve no imóvel durante as obras e tirou fotografias. Em algumas delas ainda estavam presentes o mobiliário antigo.
O bairro de Santana sempre nos releva construções curiosas e interessantes, e boa parte delas estão escondidas em ruas sem saída e pouco conhecidas do público em geral.
O imóvel que apresentamos hoje foi enviado pelo nosso colaborador Rafael Bertoli, que sempre dá boas dicas de casas naquela região da cidade.
Localizada próxima a altura do número 2550 da rua Voluntários da Pátria, a Garção Tinoco é uma tranquila rua sem saída de Santana. Sua condição de sem saída se dá apenas para veículos,já que pedestres podem descer por uma longa e estreita ruela que vai dar na conhecida rua José Debieux.
A rua Garção Tinoco, nos mapas da cidade, até apresenta uma praça com o mesmo nome, mas o que eles chamam de praça é apenas um largo diante do casarão que abordamos aqui. Não há árvores ou sequer um banco para sentar-se.
De acordo com moradores vizinhos,a casa encontra-se vazia há alguns anos. No imóvel, desde que deixou de ser residência, já funcionou uma editora e uma agência de publicidade.
Sensivelmente deteriorada, a casa mesmo assim não esconde o charme e a elegância. Uma das casas mais antigas da região, a residência foi erguida no alto de um moro e sua construção desce acompanhando seu terreno acidentado.
O resultado desse projeto bem sucedido é uma visão espetacular para a região nordeste de São Paulo, especialmente para a Vila Guilherme e Vila Maria Alta. A vista nos cômodos dos fundos é, sem dúvida, privilegiada.
Mesmo com algum tempo sem manutenção, a casa mostra uma riqueza de detalhes em sua arquitetura que a faz um imóvel muito especial. Na entrada principal do imóvel há colunas, enquanto todas as suas janelas são bastante adornadas. Destaque também para o vitrô antigo da janela sobre esta mesma entrada.
O próprio desenho original do portão, que é muito bonito, é seguido pelo gradil da janela da sala e do porão habitável, este último que pode ser visto através da rampa da garagem.
Para devolver o esplendor a esta contrução, ao menos em seu exterior, é preciso de muito pouco esforço. Os principais problemas estão no forro caindo e nos vidros quebrados. A combinação de cores não é das melhores também.
Em todo seu exterior a única alteração que foi possível notar foi a construção de um pequeno cômodo no final da rampa da garagem. No restante tudo está preservado tal qual sua época de construção exceto, talvez, pelo vitrô instalado no fundo do andar superior.
Município vizinho à capital paulista, Guarulhos é uma cidade que se confunde com São Paulo em seus limites. Em muitos trechos as duas cidades se misturam de tal forma que é difícil precisar qual é qual.
No entanto, quando o assunto é patrimônio histórico, Guarulhos é uma espécie de patinho feio do Estado de São Paulo, com pouca coisa relevante que ainda sobrevive na cidade, principalmente no âmbito da região central.
Localizado no número 136 da avenida Monteiro Lobato, bem no centro de Guarulhos, essa residência antiga sobrevive muito bem a especulação imobiliária que vem assolando a cidade nos últimos anos.
Seu nível de preservação é muito bom e sua preservação é total. Na área externa observamos, ao nível da rua, o gradil ladeado por pequenas colunas. Logo mais adentro, o belíssimo jardim, sempre impecável com uma boa variação de espécies de plantas.
Já a casa tem uma bela arquitetura, que nos remonta as casas de fazenda. Uma verdadeira jóia a se preservar pelos guarulhenses.
Nossos leitores fornecem uma excelente rede de informações sobre os imóveis antigos paulistanos. Semanalmente recebemos dicas de casas interessantes e tentamos ir rapidamente aos locais para fotografar.
A leitora Janaína Romero, entretanto, nos enviou uma dica triste. Ela morava na Vila Mazzei e na rua dela havia um belo casarão. Infelizmente ao retornar de seus cinco anos fora do Brasil ela constatou que o imóvel havia sido demolido:
O velho casarão era localizado na altura do número 93 da rua Cônego Ladeira. Por décadas a fio o imóvel foi um dos ícones da região e chamava atenção não apenas pelo sua arquitetura, destoante da região, como também pelas plantas do jardim.
O imóvel pertenceu a Jose Felipe Donnangelo, falecido em 2015. Pelo que podemos apurar foi demolido no ano de 2013, caracterizando-se uma grande perda para o bairro. No local ainda sobrevive parte do jardim e uma grande árvore.
Abaixo apresentamos mais algumas imagens que extraímos do Google Street View:
A rua Cônego Ladeira e outras próximas possuem algumas construções bastante interessantes. Em breve voltaremos a região e mostraremos imóveis que encontramos por lá aqui no São Paulo Antiga.